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Tenho plena consciência do ridículo que é dizer que está de volta em 25 de Janeira e ficar praticamente 3 meses sem postar nada. Por essa falha, me desculpem.
Pra dizer a verdade, 2018 me trouxe sentimentos em relação ao meu "fazer artístico" (se é que eu posso chamar assim), que há tempos eu não sentia... O principal deles:
Parece doido dizer que uma prática a qual a gente normalmente recorre pra relaxar venha causando esse efeito, mas é verdade. Estou sempre com raiva. E pra ser sincera, nem me incomoda tanto essa questão de "relaxar", porque eu sempre considerei isso um efeito colateral, não meu principal objetivo mas... Estou com raiva, sempre.
Raiva te estar em um ponto do meu desenvolvimento em que viver disso, sobre qualquer forma, não é uma opção. Raiva de todo o resto da vida ter prioridade sobre isso -- então pilhas de sketchbooks, caixas de materiais e referências se tornam inquisitivas e não inspiradoras. O sketchbook ao meu lado me dá a entender muito mais um "E aí? Nada de novo não é?" do que um "Venha aqui amiguinha!"
E então eu sigo feeds de artistas e ilustradores, e eles me parecem tão perdidos sob o ponto de vista de marketing/business do seu próprio fazer artístico, e fico com raiva do "Deus dá asas pra quem não sabe voar". Acompanho os grupos de Desenho do Facebook e é tanto erro primário de português, tanta gente perguntando "lápis bom pra desenho realista" (naquele nível "o material mágico que vai mudar a minha vida"), que a minha raiva com um setor que quer reconhecimento profissional mas ainda é tosco em todos os demais aspectos ainda piora.
Por último, tenho raiva de mim -- principalmente pq eu sei o que gera toda essa raiva: CONSUMIR DEMAIS, PRODUZIR DE MENOS.
Raiva e Indigestão Informacional
Feeds da artististas no Twitter, Facebook e Instagram são legais -- inpiram e fazem babar, na maior parte das vezes. Vídeos de "Sketchbook Tour" no Youtube também são legais -- mas quando você quer desenhar e pintar, nada substitui ter um sketchbook ou pasta cheios e poder dizer "olha tudo o que eu fiz no último mês". Se você não tem esse registro, se você não sabe o que está fazendo e onde está indo, é normal que a frustração se instale. E da frustração para a raiva é um pulo.O consumo dessas informações, no final das contas, se assemelha bastante ao consumo de comidas com alto teor de carboidrato e gorduras -- na hora pode até parecer uma delícia, mas a indigestão e o mal estar que provocam, quase sempre não valem a pena.
Menos é mais
Outro aspecto importante da prática artística é o foco: saber o que você quer fazer e onde está indo. Tenho comprometido essa questão desde o meu último Inktober. Eu adoro essas artes com linhas bem marcadas. Essa gente que desenha só com tinta e faz trabalhos super detalhados que não precisam de aplicação de tons para serem compreensíveis. Gente que é "boa de linha" -- o que não é o meu caso. Eu tenho tentado, mas falta bagagem. Insistir nisso (e de maneira meio aleatória como eu tenho feito, tem me frustrado bastante).E desenho e pintura são áreas de estudo em que a frustração são constantes se o objetivo não for traçado com cuidado. São tantas coisas e assuntos para aprender e praticar, tantas técnicas, que se você não tomar cuidado desiste por se perceber com proficiência mínima em todas. Quando eu era menor, e queria colecionar os livros da Globo sobre desenho e pintura, tinha essa ilusão de que seria uma "artística completa" quando dominasse todo aquele conjunto de coisas... Que uma artista completa saberia pintar a óleo, aquarela, acrílica, guache, lápis de cor, pasteis -- e que exibiria igual proficiência em temas como figura humana, paisagens, animais, naturezas mortas. E embora eu saiba hoje em dia o quanto isso é irreal, racionalmente, eu admito: uma parte importante de mim ainda sente que isso é verdadeiro, e faz com que eu oscile... Ora eu faço algo mais estlizado, próximo ao cartoon, outras horas eu faço algo com ambições mais realistas.
E nessa indecisão de temas, materiais e abordagens eu fico sempre patinando aos trancos e barrancos na mediocridade em todos eles. Resultado? Mais frustração, e mais raiva.
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